Margarida Nepomuceno
Nayive Castellanos Villamil
Poder 360. Candidatos Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonato (PL), disputam o 2º turno das eleições no Brasil. www.poder360.com.br
As eleições em dois turnos para presidente no Brasil, tem dias contados para que candidatos façam suas campanhas nas mídias tradicionais: 45 dias para 1º turno (ocorrido em 2/10/22) e, na sequência, 28 dias para o 2º turno (30/10/22). Entretanto, a batalha eleitoral, no espaço público-privado da Internet inicia-se bem antes, independente dos marcos regulatórios para o uso da Internet que existem no Brasil. Infindáveis são os recursos mobilizados nas plataformas digitais (Instagram, Facebook, TikTok, Twitter, Telegram, WhatsApp, YouTube) bem como nas redes paralelas, criadas na Internet por grupos /indivíduos com perfis verdadeiros ou fictícios.
Embora os proprietários dessas plataformas tenham se comprometido em algumas oportunidades[1] a monitorar os abusos cometidos pelas fake news, os danos causados pela rede de intrigas, mentiras e difamações, desencadeiam uma guerra política e cultural que empurra o eleitor para uma polarização que divide a sociedade e impede o diálogo em torno de ideias e projetos políticos para o Brasil.
Tudo isso agravado pelos milhares de candidatos e candidatas que se apresentaram para disputar cargos de senadores (792), deputados federais e estaduais pelos 26 Estados da Federação (37.966), além de governadores (466) e de presidente (13 candidatos), mobilizando 156 milhões de eleitores, dos 220 milhões de cidadãos brasileiros (TSE). Portanto, a disputa é feita palmo a palmo, post a post, dentro de um sistema de informações estratégicas, de transferências de dados e de gestão de perfis de eleitores, com o compartilhamento de informações cruzadas em redes que difundem discursos políticos de origem pouco comprovadas.
Considerando que as eleições são o momento mais apropriado para se garantir que o voto expresse o posicionamento consistente da sociedade, vemos um fosso se abrir entre realidade, demandas da sociedade e plataformas eleitorais. As narrativas políticas interpõem-se, embaralhando os eleitores; as pautas de costumes ou morais sobrepõem-se à premência dos programas para o país e a violência política ameaça à integridade das liberdades democráticas ao ponto de impedir que candidatos frequentem algumas localidades.
Desde o início das campanhas eleitorais no Brasil, que mobilizou cerca de 156 milhões de eleitores, dos 220 cidadãos brasileiros, criou-se um clima de radicalização com evidente impossibilidade de fortalecimento de outras opções, que abrigassem candidatos opositores a Bolsonaro e Lula, tais como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (União Brasil). Esse clima se refletiu no tom dos discursos de campanha, nas discussões nos espaços de trabalho, nas universidades e no ambiente doméstico, e, sobretudo, nas novas mídias. As estratégias eleitorais definiram-se pelo aumento da rejeição e destruição das trajetórias dos oponentes, especialmente nesse 2º turno. Pouco se falou ou tem se falado de um Brasil que precisa se reformular e se recuperar do colapso da pandemia e do aumento do fosso social resultante do acirramento da desigualdade econômica, com medidas estruturais.
De nada adiantarão as disputadas políticas sociais de distribuição de benesses temporárias se não mudar a cruel configuração social e econômica de concentração de renda que faz com que no Brasil, 1% dos brasileiros ricos concentrem 20% da riqueza do país.[2] Se consultarmos outras fontes, a World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais) (12/2021), os ultra ricos, 1% da população detém 48% do patrimônio do país.[3]
Com exceção do 1º turno onde pautas mais genéricas de reconstrução do país foram discutidas, o 2º turno vem sendo marcado por uma disputa desenfreada de fake news pelos oponentes no espaço das redes sociais, provocando um grau de violência de todo tipo.
Plataformas identificaram cerca de 310 mil posts
incitando o ódio e a violência. Sites e blogs
convocavam eleitores a comparecerem
armados à votação
Ainda na campanha para o 1º turno das eleições (agosto e setembro), o Instagram e o Facebook conseguiram identificar e eliminar mais de 300 mil posts incitando o ódio entre os opositores políticos. No mesmo período, as mesmas empresas removeram cerca de 310 mil publicações por motivos semelhantes. Sites, blogs e tweets convocavam eleitores a compareceram às urnas armados [4]e disseminavam desconfiança no processo eleitoral, ausência de privacidade do voto, enfim, falhas no sistema eleitoral brasileiro que como se sabe, está reconhecidamente habilitado a realizar as eleições com eficiência.[5] Se formos somar as fakes news que provinham diretamente dos candidatos, esse número chegaria na casa dos 700 mil.
Victor Andrade, analista judicial do STE., afirma que há um programa de enfrentamento às fake news e que mobiliza cientistas e técnicos das Tics, juristas e demais profissionais e que formam um grupo permanente que faz o acompanhamento direto das notícias inconsistentes, descontextualizadas, que apontam para violência e buscam o convencimento do eleitor por vias fraudulentas. Dados e informações devem ser checados pelos partidos antes de serem divulgados pelas assessorias. Na teoria, se comprovada má fé pode resultar em cassação de mandato aos candidatos.
O Marco Civil da Internet, em funcionamento desde 2014, limita o poder das redes sociais de moderar conteúdo falso, intrigas de ódio e violência entre grupos simpatizantes dos candidatos. Para se contrapor à essa medida, o presidente Bolsonaro iniciou uma guerra contra os poderes, os setores jurídicos e a sociedade civil, assinando, em setembro de 2021 uma MP (Medida Provisória) 10.068/21 derrubando as restrições de funcionamento das redes, impedindo com isso que as fake news fossem combatidas. Alegava o presidente do Executivo que as medidas restritivas visavam a proteção da livre expressão da sociedade, mas na realidade a MP atentava contra o Marco Civil da Internet[6]e a Lei de Direitos Autorais[7].
Ativismo das redes paralelas com perfis fictícios
atuam aos milhares e estão fora do
alcance de rastreamento das autoridades.
Funcionam como uma agência de informações,
movida ao ódio e ao medo.
Entretanto, todo o Brasil sabia que o ato do presidente Bolsonaro, no caso da MP, não era movido pelo respeito à livre expressão da população, mas pela tentativa de impedir as críticas e ações de comunicação de opositores ao seu governo, e especialmente, para dificultar o combate às fake news e os discursos do ódio, difundidos aos milhares por suas próprias redes.[8] Intensa batalha jurídica mobilizou poderes da União e amplos setores políticos institucionais e civis que clamavam pela suspensão dessa Medida provisória.
Congresso derruba a MP de Bolsonaro
criada para impedir o monitoramento
das fake news
Partidos do centro democrático e progressista se reuniram e solicitaram ao presidente do Senado, que devolvesse a Medida Provisória ao Executivo alegando os propósitos escusos do Presidente e inconstitucionalidade no trânsito da Medida Provisória que exige, para a sua aprovação, marcos jurídicos inexistentes naquele momento. Pressionado pelos partidos e pela sociedade civil, especialmente juristas, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM- MG) devolveu a MP ao Executivo por entender que ela feria princípios da Constituição de 1988, “[...] caracterizando exercício abusivo do Executivo, além de trazer insegurança jurídica”.[9]
Site Oficial PT. Manifestação pró-Lula e Haddad. Bairro de São Matheus, Capital. 17/10/2022
Com a Medida Provisória, o Presidente tentava desacelerar o ativismo da Justiça Eleitoral que fazia uma checagem em 114 mil fake news que diziam respeito, principalmente, ao processo de eleição. Essas postagens, vindas de seguidores do presidente, colocavam em dúvida a credibilidade do voto digital e da privacidade e segurança do processo eleitoral. Manifestações, por certo estimuladas, por uma postura de oposição do Presidente quanto à eficiência do Sistema Eleitoral, que tem sido aprimorado desde que foi criado, há 25 anos.
Críticas ao Tribunal Superior Eleitoral e ao sistema eleitoral tem sido uma constante do presidente Bolsonaro desde o início da campanha, sinalizando para uma inconformidade da aceitação do resultado, caso a vitória lhe escape às mãos.
Este é um dos muitos exemplos que se transformaram em verdadeiras batalhas jurídicas e políticas que tentaram e ainda tentam impedir pela força da lei e de ameaças à violência as eleições que poderiam transcorrer em ritmo de disputa normal, e em ambiente democrático, não fossem essas interferências.
Enquanto isso, cerca de 9 milhões de votos dos candidatos do centro democrático estão migrando (com bastante desconfiança) para os candidatos que chegaram à final: Lula (Federação Brasil da Esperança- frente de partidos progressistas (PT, PV e PCdoB)) e Jair Bolsonaro (Federação dos partidos conservadores PL, PP, PTB e Republicanos), e estão atentos à sinalização dos candidatos derrotados, Simone Tebet (PMDB) e Ciro Gomes (PDT) e demais lideranças do país muito embora, ao longo desse 2º turno novos atores entraram em cena dominando o protagonismo dos apoios às campanhas, tais como evangélicos e católicos, ou os “nordestinos” diminuídos por Bolsonaro e “capiaus do interior de São Paulo” ironizados por Lula.
Maior abstenção desde 1998
Os eleitores que se abstiveram (32.770.982, 20,9%), maior índice desde 1998, e os que anularam seus votos ou deixaram em branco (5,4 milhões), ficam ao sabor das mentiras produzidas pelas redes obscuras e por ativistas anônimos das campanhas, por um lado, e dos confrontos dos poderes públicos, especialmente pelos agentes do Ministério Público, das redes oficiais de campanha e da imprensa tradicional, por outro lado, que trabalham, enxugando gelo dos estragos, em uma guerra cujo principal componente é a velocidade.
Folha de Pernambuco. Manifestação pró-Bolsonaro. Recife 17/10/ 2022.
Principais estratégias das campanhas:
Aumentar a rejeição, destruir reputações
Mas o que dizem as pesquisas preliminares, que agora estão sendo analisadas com mais cautela pelos críticos, uma vez que não previram o fortalecimento de Bolsonaro em algumas regiões do Brasil,[10] no 1º turno, é que os dois candidatos vêm aumentando a rejeição no eleitorado que ainda não se decidiu (48% Bolsonaro e 42% Lula), o que rebaixa profundamente o conteúdo das campanhas, de ambos os lados, a níveis desprezíveis, sórdidos e banais, de difícil controle.
São alguns milhares de factoides que podem ser citados, desde a disputa desonesta pelo voto religioso, à ligação dos candidatos com assassinos e presidiários, às mudanças radicais no ensino do país, no corte de benefícios sociais, na interferência nos poderes- no caso o Judiciário- bem como alterações na Constituição de 1988, que mesmo que contenha alguma inadequação passível de ser atualizada, é o melhor inventário democrático conquistado a duras penas pelo povo brasileiro após o término da ditadura de 64 e deve ser tratada com a importância que encerra.
Não há ação do Ministério Público que impeça a circulação das fake news ao ritmo e na profusão dos broadcasts, que em segundos chegam a todas as mídias e a milhares de pessoas. Em 13 de outubro movido pela saturação de denúncias de ambas as campanhas em disputa, o TSE suspendeu as propagandas da campanha de ambos os candidatos, que sejam ofensivas à Lula e a Bolsonaro, em todas as mídias tradicionais prometendo sansões de altas somas em dinheiro caso as campanhas desrespeitem a ordem judicial e permaneçam circulando.[11]
Empresas digitais
devem ter tratamento das empresas
de comunicação
de utilidade pública com funcionamento
regulamentado, advogam alguns
Aumentar a rejeição, destruir reputações dos candidatos tornou-se a principal estratégia de campanha eleitoral para o 2º turno. Não são poucos os analistas que advogam a normatização da veiculação de informações pelas empresas de mídias sociais, que alegam possuírem essas normas, mas mesmo que impeçam a circulação de fake news, bloqueiem conteúdos ou excluam perfis inexistentes, não impedem a circulação dessas informações, não na mesma velocidade.
O Supremo Tribunal de Justiça vem conversando com essas empresas desde o início da campanha fazendo acordo em busca de maior rigor no tratamento das fake news e maior clareza na aplicação das regras que adotam para impedir essa circulação.[12]
Para qualquer observador que acompanhe minimamente o noticiário político, o próprio presidente Bolsonaro vem incentivando essa guerra de mentiras desde a campanha de 2018, fazendo uso de palavras de ordem conservadoras, que apontam para um retrocesso democrático, em plataformas digitais através de seus seguidores e familiares, muitos com perfis fictícios.
Esses mesmos apoiadores manipularam informações sobre a pandemia (tanto que as mídias tradicionais formaram um pool de notícias para informar a população), posicionando-se contra as vacinas, contra os pareceres científicos sobre a posologia da Covid 19, atemorizando a população, contra governadores e mais recentemente contra as urnas eletrônicas. Não foram poucas as mensagens racistas, jocosas e xenofóbicas emitidas pelo chefe do Executivo.
Segundo analistas políticos, ele legalizou e estimulou a criação em massa de mentiras, levando-as a patamares imensuráveis. Para esses cidadãos-analistas, toda a sociedade está perdendo com esse clima de total desconfiança e é a própria sociedade quem deve discutir medidas mais efetivas para normatizar as redes sociais, através de seus representantes sociais e políticos, por mais paradoxo e difícil que seja formular critérios do que seja ou não verdade.
O jornalista Alexandre Borges, da CNN, e vários juristas, em debate com demais jornalistas é uma das pessoas que defendem que a Justiça Eleitoral seja mais ativa, imediata e coercitiva para impedir o estrago provocado pelas fake news, mas advoga, por outro lado, que as grandes empresas-redes, como Instagram, Twitter, etc, recebam o mesmo tratamento que as empresas jornalísticas recebem diante da Lei e sejam tratadas igualmente como empresas de “Utilidade Pública”, com suas próprias regras (CNN-13/10/22).
Pautas Morais ou de Costumes:
Deus e o Diabo em disputa
Palavras que comumente serviriam para dividir posições políticas e identificar ideologias opostas, como democracia, políticas públicas e sociais, desenvolvimento com sustentabilidade, com inclusão, participação popular de entidades organizadas, aceitação da diversidade política e das culturas das minorias, liberdades de expressão, distribuição de renda, e outras mais, estão imbricadas nas pautas morais e de costumes inspiradas nas correntes conservadoras que são opositoras às políticas ou movimentos de mudanças sociais no Brasil, embaralhando a decisão dos eleitores.
Mudanças que vem se processando há décadas, com conquistas pela luta, como o avanço dos movimentos feministas por igualdade de direito, por respeito e igualdade de gênero, pela inclusão das populações negras e indígenas, pela educação pública, gratuita e participativa, e muitas outras. Mudanças conjunturais e estruturais que foram e ainda são discutidas desde a transição democrática, muitas delas corroboradas pela Constituição de 1988.
Entre as pautas conservadoras, apresentadas especificamente pelo candidato Bolsonaro encontram-se a limitação dos poderes congressuais e do Judiciário, a restrição às imigrações, a exacerbação de um nacionalismo excludente, a oposição ao aborto, às restrições às manifestações de gênero e a crítica ao feminismo.
Para a fundamentação dessa agenda, o candidato conta com o ativismo dos Evangélicos conservadores que apesar de não serem a maioria dos religiosos no país (30% em comparação aos 50% de católicos) a muito vêm posicionando-se na política e avançando na participação de governos, inclusive governos anteriores das forças democráticas (FHC, Lula e Dilma). Infelizmente, o avanço das forças religiosas-conservadoras nas políticas do país não é um cenário exclusivamente do Brasil. Estende-se aos demais países da América Latina. No Brasil, a bancada da fé, denominada agora de Frente Parlamentar Evangélica, constitui-se na terceira bancada do congresso.
Ativismo evangélico conservador,
um fenômeno regional
O auge de grupos conservadores de extrema direita em conexão com segmentos religiosos, especificamente, em entornos eleitorais apresenta desafios para os cientistas sociais, quando se trata de analisar o cenário político contemporâneo da América Latina caracterizado pelas acirradas configurações político-religiosas. Recentemente, houve eleições presidenciais na Colômbia na qual o segmento evangélico foi um agente político relevante nessas contendas. Embora o ativismo evangélico não seja recente na região encontra-se no auge, visibilidade e destaque nas ferrenhas disputas em torno de visões de mundo, de pautas morais e de costumes.
As redes sociais têm sido um fator chave na divulgação e reprodução de repertórios conservadores. atrelados ao favorecimento de certos candidatos concorrentes para instâncias legislativas ou executivas. Esses canais de comunicação, em tempo real, conseguem difundir em diversas camadas da população conteúdos favoráveis ou desfavoráveis a todo tipo de pautas para atingir os intuitos políticos de momento.
Esse panorama se reflete no segmento evangélico, cujos grupos criados mediante whatsapp, ora pelas lideranças das igrejas ora por membros dos movimentos políticos aos quais estão vinculadas suas igrejas, tem sido bem-sucedido na divulgação de vídeos, imagens ou discursos que visam deslegitimar os oponentes políticos, estimulando o surgimento das fake-news.
A eleição presidencial em 2022 na Colômbia registrou o ativismo evangélico conservador nesse país em termos de reacomodação de forças no Estado, e sinalizaram o grau de aderência a repertórios morais nestes comícios, que outrora foram coadjuvantes de processos políticos.
O segmento evangélico representa um quinto da população da América Latina e seu ativismo desaguou no neoconservadorismo. Os capitais político, simbólico e financeiro fazem das maiores lideranças evangélicas agentes com paulatino potencial para disputar os comícios eleitorais.
Muito desse ativismo,
que se expressa mais claramente no segmento evangélico,
deságua no conservadorismo cristão
Cada país da região mostra diferentes níveis desse ativismo político evangélico conservador, mas com nuances semelhantes em torno de suas práticas e formas de fazer política. A questão disso tudo é o como ideias antidemocráticas atreladas a um modo de fazer e pensar de sujeitos político-religiosos vão se consolidando na região, aproveitando o solo fértil conservador, para disputar o Estado e tudo o que implica o poder.
Muito desse ativismo, que se expressa mais claramente no segmento evangélico, deságua no conservadorismo cristão, quer seja ele católico ou evangélico e sinaliza para o acirramento da extrema direita neoconservadora, arrastando paulatinamente as camadas sociais menos favorecidas.
Em síntese, diversos agentes se somam às contendas eleitorais gerando controvérsias públicas. Um deles são as lideranças evangélicas conservadoras, que coadjuvam na reprodução de fake news e na configuração do outro, não como adversário e sim como inimigo político. No Brasil, as campanhas presidenciais de 2022 estão se dando no campo fértil de confronto de forças em nome de Deus e do Diabo.
Notas:
[1] Em fevereiro de 2018, antecipando-se aos problemas que poderiam advir do mau uso das redes sociais, o Ministro do TSE na época, Luís Roberto Barroso reuniu-se com as empresas organizadoras das plataformas digitais e renovou um acordo para o monitoramento das fake News. Leia mais em https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Fevereiro/tse-assina-acordo-com-plataformas-digitais-na-proxima-terca-feira-15
[2] Pedro Fernando Nery. Lula mais radical. OESP, 11/10.pg B4
[3] BBC Brasil. https://www.bbc.com/portuguese. Acesso em 17/10/22
[4] CNN jornalismo digital. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/politica/facebook-e-instagram-excluem-quase-300-mil-posts-por-discurso-de-odio-antes-do-1o-turno/. Acesso em 10/10/22.
[5] Observadores internacionais que acompanharam o 1º turno das eleições, participaram de seminários no Supremo Tribunal Eleitoral e se inteiraram do sistema do voto digital criado no Brasil há 25 anos, que garantem através da urna eletrônica o acesso a 600 milhões de votos em 27 mil candidatos por todos os 27 estados brasileiros e no exterior. Além dos 94 mil locais de votação (Brasil e exterior) foram mobilizados 1.800 mil mesários. Ao final da noite, os principais cargos já estavam definidos (e anunciados): presidente, senadores e governadores. De 156. 454.011 aptos a votarem compareceram 123. 683.011 eleitores número equivalente a 79,05%. Os votos válidos totalizaram 118.229.719. A abstenção alcançou 32.770.982 e representou 20,95%. Os votos nulos foram 3.487.874, o que corresponde a 2,82% do total de votos. Já os votos em branco somaram 1.964.779 (1,59%). No total, foram apuradas 472.075 seções eleitorais, a última delas em Coari, no Amazonas (tse.jus.brasil). Acesso em 11/10/22.
[6] A Lei 12.965, de 23/4/2014, conhecida como “Marco Civil da Internet”, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. A referida lei prevê como princípios que regulam o uso da internet no Brasil, enumerados no artigo 3º, dentre outros, o princípio da proteção da privacidade e dos dados pessoais, e asseguram, como direitos e garantias dos usuários de internet, no artigo 7º, a inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações e inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial.
O artigo 10º, § 1º, que trata de forma específica da proteção aos registros, dados pessoais e comunicações privadas, é bem claro quanto à possibilidade de fornecimento de dados privados, se forem requisitados por ordem de um juiz, e diz que o responsável pela guarda dos dados será obrigado a disponibilizá-los se houver requisição judicial. Caso o responsável se recuse a fornecer os dados solicitados pelo juiz, poderá responder pelo crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal. Publicação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios , Disponível em https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/marco-civil-da-internet. Acesso em 10/10/22.
[7] Lei Federal no. 9.610, 19/02/1998, que regula os direitos autorais ou direitos do autor, mesmo em caso de anonimato ou de uso de pseudônimo, no caso de autores que não querem expor seus nomes próprios. Bem como estabelece o que é contrafação, matéria que resulta em penalidades para crimes contra a fé pública. (jusbrasil.com.br). Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em 10/10/22
[8] Em recente levantamento feito pela CNN, agora para o 2 turno, o presidente Bolsonaro possui cerca de 50 milhões de seguidores nas diversas redes sociais, somando os perfis de seguidores do Instagram, Twitter, You Tube, Tik Tok e Facebbok) contra os 19 milhões do ex-presidente Lula.( cnnbrasil.com.br/ 11/10/22). https://cnnbrasil.com.br Esse montante muito provavelmente é maior, pendendo para o presidente |Bolsonaro cujo eleitorado trabalha nas redes paralelas, na dark web, frequentada por anônimos com perfis fictícios que atuam aos milhares, cujas ferramentas de uso e conteúdo estão fora do alcance de rastreamento das autoridades e que funcionam como uma agência de informações movida ao ódio e ao medo.
[9] Senado notícias. Disponível em https://www12.senado.leg.b. Acesso em 10/11/22
[10] Na última pesquisa (IPEC) anterior a realização do 1º turno (02/10), divulgada em 1º de outubro Lula estaria com 51 contra 43 de Bolsonaro, o que parecia garantir a vitória d ex-presidente já no 1º turno. https://www.ipec-inteligencia.com.br/
[11] Ministro Paulo de Tarso, do TSE em 13 d e10 de 2022: “Não poderia a Justiça especializada permitir que os partidos políticos, coligação e candidatos participantes do pleito deixassem de observar direitos e garantias constitucionais do cidadão durante a exibição da propaganda no horário eleitoral gratuito na rádio e na televisão, utilizando-se como justificativa a liberdade de expressão para realizar imputações que, em tese, podem caracterizar crime de calúnia, injúria ou difamação ou que não observem a garantia constitucional da presunção de inocência. É inviável que se utilize de espaço público de comunicação para reduzir absolutamente o alcance de um direito ou garantia constitucional e, em contraponto, empregar máxima relevância às condenações criminais anuladas pelo Poder Judiciário, que não permitem afirmar culpa no sentido jurídico-penal”. Disponível em https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Outubro/tse-determina-retirada-de-propagandas-ofensivas-a-bolsonaro-e-a-lula. Acesso em 13/10/22. Observação atualizada: as campanhas de ambos os candidatos não retiraram as mensagens difamatórias da propaganda oficial veiculada nas mídias tradicionais até 16 de 10, preferindo ao certo, pagar a multa de 50 mil diários, como estipulou o TSE.
[12] “Eleições 2022: TSE firma parceria com Facebook para combate à desinformação”. Disponível em https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Fevereiro/eleicoes-2022-tse-firma-parceria-com-facebook-para-combate-a-desinformacao. 15/02/22. Acesso em 11/10/22.
Ñanduti- Serviços de Educação e Cultura
Rede de intrigas: o voto disputado em nome
de Deus e do Diabo
Margarida Nepomuceno (MTB 16 276) e Nayive Castellanos Villamil (especial para a Revista Ñanduti)
Edição: Mayra Coan Lago e Fabiana Oliveira
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