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Foto do escritorSabrina Rodrigues Santos

Por que raios não protegemos a natureza?

Atualizado: 20 de jul. de 2022


Foto: Thomas P. Peschak


A Terra é o único planeta que a maioria dos seres humanos vão conhecer em suas atuais existências. Ela é cantada em todas as línguas, é homenageada em prosa, verso, imagens e sons (Hino da Terra, declamado por Alicia Silvestre from Spain reads Earth Anthem in Spanish). Nós interagimos com ela de tal forma que a vida dos indivíduos e dos povos dependem visceralmente dos recursos naturais próprios ao consumo das criaturas que a Terra lhes brinda, e vice-versa.


A História mostra que a sobrevivência e o progresso da Humanidade dependem dos recursos naturais que ela oferece, e que vivenciamos a 4ª Revolução Industrial, ou Revolução 4.0. E para levar ambas a efeito, os indivíduos, de per si e por suas organizações, contaminam as águas dos rios, dos mares, dos oceanos e do solo com resíduos sólidos, líquidos e gasosos, além da prática da caça e da pesca predatórias, em um ciclo vicioso. E indivíduos e populações estão suscetíveis a exposições múltiplas – ingestão de alimentos e água contaminadas, inalação de ar poluído, absorção de agentes químicos tóxicos pela pele.


Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais – Inpe, o sistema Deter registrou 199 km² de área desmatada no mundo apenas no mês de fevereiro passado, sendo que 168 km² foram desmatados nos estados do Amazonas (40 km²), Mato Grosso (49 km²) e Pará (79 km²) (Fonte: Greenpeace).

É óbvio que o desmatamento de grandes proporções, como o que está ocorrendo no mundo, desequilibra qualquer biossistema e as consequências disso são imprevisíveis.


Os dados científicos e notícias da ONU, FAO e CEPAL, dentre outras organizações, são disponibilizados publicamente e são noticiados nos periódicos nacionais e internacionais. Então, que inteligência humana há nessa prática predatória dos recursos naturais em prejuízo dos Seres Humanos e de outras espécies?


Há personalidades contemporâneas que defendem a exploração no espaço de outros planetas para abrigar espécies terrenas, principalmente seres humanos, porque preveem a extinção da espécie humana por ação natural e humana. E, para isso, constroem aeronaves e outras engenhocas humanas que possam acolher e manter a vida que conhecemos em outros astros ou estações espaciais. Consequência lógica de seus empreendimentos é que participam da cadeia de degeneração da natureza. Poluem aqui para viver acolá. Que inteligência há nessa práxis da indústria espacial?


Os seres humanos subverteram sua relação com a Terra, e não apenas quanto a contaminação dos recursos naturais em nome do progresso das nações, mas também a ponto de seus arsenais bélicos, que incluem milhares de bombas atômicas e a potente bomba de hidrogênio Tsar, serem consideradas mais que suficientes para destruírem a Terra. Por isso, não é à toa o temor das pessoas sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia atualmente.


Não obstante a gana destrutiva de indivíduos e coletividades, pode-se dizer que ela não é generalizada e que muitos se insurgem contra práticas predatórias e poluentes em defesa da preservação do Planeta, uso consciente dos recursos naturais, sustentabilidade, dentre outras medidas.


Foto: Sabrina Rodrigues Santos – Sabrinars13 – Ilha Bela, São Paulo/BRA


As paisagens existentes no Planeta Terra abrigam biossistemas maravilhosos, o que nos inclui. E, desde a década de 1960, essas pessoas desenvolvem a capacidade e habilidade para juntos solucionarem os males que o desenvolvimento e crescimento econômico imprudente causaram e causam na Terra.


A criação do Dia da Terra, comemorado dia 22 de abril de cada ano, é atribuído ao senador norte-americano Gaylord Nelson como ação positiva nacional para a conscientização pública sobre a poluição e, aos poucos, essa ideia foi sendo apropriada por outras pessoas e organizações. O dia da Terra se tornou uma comemoração atemporal, apartidária e dissociada de pretensões religiosas e ideológicas. Outros eventos importantes tem acontecido desde então.


Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco92, momento em que foram produzidas três convenções: uma sobre as florestas, uma carta de intenções sobre sustentabilidade e a Agenda 21. Desde então, ocorrem COPs anualmente e em cidades diferentes pelo mundo.


A par dessas conferências, a ONU lançou, em 2020, o Pacto Global e as Metas do Milênio, um conjunto de princípios para Estados e organizações desenvolverem ações positivas em prol de problemas relacionados com as mudanças climáticas, direitos humanos, saúde, trabalho, igualdades entre seres humanos e gestão da água. Ainda sob os auspícios da ONU e a partir da execução de ações locais, regionais e globais empreendidas para atingir aqueles princípios, líderes de Estados e representantes da sociedade civil se reuniram em 2015 não só para ratificar aquelas ações como também para definir um conjunto de ações para promover a saúde de suas populações, garantir a paz e a prosperidade e proteger o Planeta, a denominada Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, amparada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, agora com 17 princípios.


Ações pontuais vêm sendo empreendidas há décadas, como a coleta e reciclagem de lixo, reciclagem de efluente das indústrias e de óleo, mas ainda é insuficiente para mitigar a degeneração dos recursos naturais causada por seres humanos.


Pesquisas da FAO e FILAC indicaram muitas evidências de que os povos indígenas e tradicionais da América Latina e Caribe são importantes guardiões na conservação de florestas, justificado por sua relação com a terra, pela prática agrícola orgânica e pela pesca essencialmente para consumo das suas coletividades, o que demanda menos desmatamento e resulta em baixa produção de carbono.


Diversos segmentos das sociedades se engajaram nas ações de proteção e reconstituição da natureza ao longo das últimas três décadas sob a batuta de líderes de governos e de organizações não governamentais nacionais e internacionais, mas, nos últimos anos, adolescentes e jovens se apropriaram visceralmente da defesa da Terra e partiram para discursos severos e ações de proporção global, das quais destacam-se o movimento Fridays For Future, de Greta Thumberg, em 2019, e o ativismo da jovem indígena Txai Suruí, que sai pelo mundo em defesa da Terra, assim como fez o Cacique Raoni e Ailton Krenak.


Na esteira das conferências da ONU, os Estados latino-americanos elaboraram o Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe, firmado em 04/03/2018 na cidade de Escazú, na Costa Rica, por isso denominado Acordo de Escazú.


No período de 19 e 22 de abril corrente, acontece a Primeira Reunião da Conferência das Partes – COP 1, autoridades e representantes oficiais dos países que firmaram o acordo em 2018, estão reunidos em Santiago do Chile para elaborar plano para a implementação do Acordo, procedimentos, modalidades de participação da sociedade, fontes de investimentos, dentre outras medidas de ordem prática.


Foto: Sabrina Rodrigues Santos – Sabrinars13 – Paraty, Rio de Janeiro/BRA


De forma breve, foram relacionados acordos de cooperação internacional e regional, muitos deles já incorporados nas legislações nacionais, assim como ativismos ambientais, ações individuais e coletivas, tudo com vistas à defesa da vida humana e de outras espécies, além da preservação dos recursos naturais.


Desde a década de 1960, o tema preservação da natureza cresce no seio das sociedades, o que tem resultado em acordos internacionais e legislações nacionais que amparam ações humanas nesse sentido e em indivíduos e organizações proativos na execução dessas normas, mas as estatísticas sobre a ação humana e devastação de florestas, contaminação de rios e mares, exploração predatória da natureza e de suas espécies ainda são alarmantes.


Ecoa-se nos quatro cantos que a Terra é a nossa casa, é o nosso lar e de todas as espécies. E casa também significa lar, refúgio, proteção, é um lugar que gostamos de chegar e ficar. Ora, se seres humanos preservam o que amam, porque raios não preservam a Terra? Seja porque precisam que ela continue a lhes prover de recursos saudáveis e possui propriedades terapêuticas, seja porque amamos praias, rios, aves, plantas, flores, etc.


Você acredita que faz parte da Natureza? O que você, indivíduo, organização e coletividade, faz para evitar a poluição e destruição do Planeta Terra?


Alan Weisman, autor de The World Without Us, de 2007, afirma que a extinção dos seres humanos não implica na extinção de outras espécies, talvez daquelas por eles domesticadas. Ademais, ele não acredita que a extinção da espécie humana esteja tão próxima como amplamente divulgada. Ora, se a Terra e outras espécies vivem sem os seres humanos, é de se pensar que nós, humanos, precisamos dela saudável e que precisamos mitigar nossas ações a fim de preservá-la para nós e para as futuras gerações.


Sabrina Rodrigues Santos


Referências:

ONU. Hora do Planeta: apagando as luzes para um futuro melhor. Disponível em https://news.un.org/pt/story/2022/03/1784222 . Acesso em 21/04/2022.

ONU. Países latino-americanos e caribenhos se reúnem no Chile sobre acordo ambiental. Disponível em https://news.un.org/pt/search/COP . Acesso em 21/04/2022.

CEPAL. Banca multilateral y OCDE consideran fundamental el Acuerdo de Escazú para generar un clima de inversiones sostenidas y sostenibles. Disponível em https://www.cepal.org/es/noticias/banca-multilateral-ocde-consideran-fundamental-acuerdo-escazu-generar-un-clima-inversiones . Acesso em 21/04/2022.

K, Abhay. Hino da Terra, declamado por Alicia Silvestre from Spain reads Earth Anthem in Spanish https://youtu.be/8qOQlqj9STI . Acesso em 21/04/2022.

FAO y FILAC. 2021. Los pueblos indígenas y tribales y la gobernanza de los bosques. Una oportunidad para la acción climática en América Latina y el Caribe. Santiago. FAO

Greenpeace - Deter 2022 registra o pior fevereiro da série histórica. Disponível em https://www.greenpeace.org/brasil/blog/deter-2022-registra-o-pior-fevereiro-da-serie-historica/ . Acesso em 21/04/2022.

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