A chamada Economia Criativa consiste em um conjunto de ações e práticas com enorme potencial de produzir impacto sobre o PIB de uma localidade e que operam a partir dos campos como a cultura, a arte e a tecnologia.
O termo remonta à década de 1980, mas foi melhor desenvolvido apenas no início dos anos 2000, por John Howkins, segundo quem a Economia Criativa compreende todos os setores em que o valor dos bens e serviços produzidos se fundamentam na propriedade intelectual. Entre tais setores, estão as artes visuais e cênicas, a arquitetura, a publicidade, o desenho, a editoração, a pesquisa, o cinema, o artesanato, a moda, a música, a produção para rádio e TV, o desenvolvimento de jogos e softwares e uma série de outras atividades.
Segundo Howkins, podemos organizar as atividades da Economia Criativa da seguinte maneira:
Artes e Patrimônio
Artes visuais
- Pintura
- Escultura
- Instalações e videoarte
- Arte em movimento (performance art)
- Fotografia
- Moda – Alta costura
Artes cênicas e espetáculos
- Teatro, dança e marionetes
- Orquestras, ópera e operetas
- Concertos
- Circos
- Improvisações organizadas (happenings)
- Moda – Passarela
Turismo e patrimônio cultural material e imaterial
- Artesanatos, antiguidades, luteria e produtos típicos
- Gastronomia
- Museus, galerias, arquivos e bibliotecas
- Arquitetura e restauração
- Parques nacionais e ecoturismo
- Monumentos, sítios arqueológicos, centros históricos
- Conhecimentos tradicionais, festivais, carnavais
Educação artística e cultural
Indústrias culturais convencionais
Editorial
- Livros, jornais e revistas
- Indústria gráfica (impressão)
- Edição
- Literatura
- Livrarias
Audiovisual
- Cinema
- Televisão
- Vídeo
Fonográfica
- Rádio
- Música gravada
Criações funcionais, novos meios e software
Desenho
- Interiores
- Artes gráficas e ilustração
- Joalheria
- Brinquedos
- Industrial (produtos reconhecidos mais por seu valor simbólico do que de uso)
Software de conteúdo
- Jogos de vídeo-game
- Outros conteúdos interativos audiovisuais
- Meios de suporte para conteúdos digitais
Agências de notícias e outros serviços de informação
Publicidade
Moda – Prét-a-porter
O potencial econômico da Economia Criativa
Assim, atividades tão diversas quanto a organização de festivais gastronômicos, de música, de dança e de feiras ao ar livre e a produção de conteúdo audiovisual ou fotográfica integram a economia criativa. O potencial deste setor é evidenciado por alguns de seus números: cerca de 70% do tempo de uso de tablets digitais está destinado ao uso de videojogos e, desde o seu lançamento, em 1998, o iTunes já registra mais de 25 bilhões de downloads de músicas, a um custo médio de US$0,99 por canção, segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ao mesmo tempo, mais de 50 bilhões de aplicativos foram baixados através das appstores.
Mesmo as atividades comumente consideradas mais rentáveis, como as artes cênicas, geram bilhões de dólares. Novamente segundo dados do BID, nas últimas três décadas, os dez musicais mais exitosos da Broadway alcançaram, juntos, uma bilheteria no valor de US$26,9 bilhões. Da mesma forma, o Cirque du Soleil emprega mais de 5 mil pessoas e registra vendas que superam os US$800 milhões anuais. Grandes indústrias cinematográficas, como as de Hollywood, nos EUA, a de Bollywood, na Índia, e a de Nollywood, na Nigéria, produzem, juntas, mais de 4 mil filmes por ano, o que corresponde a mais de 80 filmes por semana. A Netflix, por sua vez, registrou em 2021 uma receita de US$30 bilhões, o que implica em um crescimento de 19% em relação ao período anterior. Em 2020, a empresa de streaming possuía mais de 4 mil títulos de filmes e cerca de 1.500 séries em seu catálogo.
A Economia Criativa é, também, uma excelente ferramenta de promoção do desenvolvimento econômico. Segundo dados do Sebrae, a economia criativa é responsável por cerca de 3% do PIB nacional e pela criação de aproximadamente 850 mil postos de trabalho formais. Quanto pensamos em escala global, a Economia Criativa correspondeu a 6,1% da economia internacional em 2005 e movimentou US$4,3 bilhões em 2011, segundo dados do BID. De acordo com a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), as exportações de bens e serviços criativos cresceram 174% entre os anos 2002 e 2011, alcançando o valor de US$646 bilhões. Trata-se, ainda, do quinto setor que mais promoveu transações comerciais em 2012, segundo dados do Centro Internacional de Comércio, ficando apenas atrás do comércio de combustíveis minerais e petróleo, de equipamentos elétricos e eletrônicos, de maquinários e de veículos.
Ademais dos importantes números registrados, a Economia Criativa se caracteriza por ser menos volátil que outros setores econômicos mais tradicionais. Uma prova disso foi o enorme crescimento registrado nas atividades ligadas ao setor, mesmo em meio à eclosão da crise financeira de 2008, que resultou em uma enorme flutuação dos preços de commodities como o petróleo, cujos preços internacionais caíram 40% apenas em 2009.
Casos de sucesso da Economia Criativa no Brasil
Eventos literários
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que em 2021 promoveu a sua 19ª edição, é um exemplo de sucesso no setor da economia criativa. Entre seus objetivos, estão a difusão da cultura, o incentivo à leitura e a defesa e preservação do patrimônio cultural e imaterial brasileiro. Ademais, a Flip promove uma importante transformação do espaço público, algo fundamental para que a comunidade local e os visitantes se apropriem dos mesmos.
O evento, organizado pela Associação Casa Azul, e realizado no litoral sul do Rio de Janeiro colocou o Brasil no mapa dos circuitos internacionais de literatura, rapidamente se convertendo em um dos mais importantes festivais do mundo. Ademais de ser o palco de importantes debates sobre a sociedade brasileira e sobre questões comuns à humanidade, a Flip oferece uma enorme contribuição econômica para a cidade de Paraty: são cerca de R$40 milhões gerados pelo festival literário a cada ano e mais de mil postos de trabalho criados, entre empregos diretos e indiretos. O maior dinamismo da economia local também resulta em um crescimento da capacidade fiscal das distintas esferas do poder Executivo, já que o festival foi responsável por uma arrecadação tributária de R$2,46 milhões em 2018.
Segundo dados levantados pelo programa Rio de Janeiro a Janeiro, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), à respeito do impacto econômico produzido pela 16ª edição da Flip, realizada em 2018, o custo do evento foi de R$3,5 milhões e a renda gerada foi de R$47 milhões. Ademais, foram mais de 1.300 postos de trabalho criados. Trata-se, portanto, de uma atividade com enorme efeito multiplicador, que movimenta a economia local, gera empregos, garante a saúde fiscal do governo municipal, que produz uma importante reconexão da população com a cidade e que educa, qualifica e valoriza o potencial criativo da nossa população.
Eventos Gamers
O mercado de jogos atualmente tem um faturamento superior, no universo da economia criativa, ao de setores como o da música e do cinema. Para atender a este público, foi criada a Game XP, o mais importante evento gamer do Brasil e o maior da América Latina. O festival reúne um enorme número de competidores dos chamados e-sports, artistas e celebridades do universo gamer. Este setor, ademais, tem um enorme potencial de crescimento no Brasil e os eventos realizados pela comunidade gamer possuem enorme importância no sentido de promover a valorização de novas identidades e de romper com diversos estereótipos.
Em sua segunda edição, realizada em 2018 e organizada pela CCXP, o Rock in Rio e o Grupo Globo, o custo foi de R$19 milhões e o impacto econômico total foi de R$54 milhões, gerando mais de 7.000 postos de trabalho diretos ou indiretos. A arrecadação tributária foi de R$5 milhões. Na última edição presencial, a de 2019, foram cerca de 10 mil empregos criados pela Game XP e o impacto econômico foi de R$82,3 milhões.
Outro evento de destaque é o Game Jam+, uma maratona de desenvolvimento de software e de jogos que realizou a sua 5ª edição em 2020. O evento, idealizado por brasileiros do Rio de Janeiro, abrangeu um total de 33 cidades de 8 países localizados em 4 continentes e se caracteriza por mesclar o modelo de design de jogos tradicional com elementos de empreendedorismo, já que os jogos desenvolvidos devem ser desenvolvidos com o fim de comercialização.
O diferencial do Game Jam+ é que a pluralidade dos perfis dos participantes desta maratona leva à criação de jogos que traduzem as diversas realidades destes indivíduos, o que torna os mesmos importantes ferramentas de inclusão. Ademais, o espaço agrega pessoas com diferentes tipos de conhecimento: do desenvolvedor ao design, passando pelo roteirista.
Eventos teatrais
Aqui, destaca-se o Festival de Teatro Brasileiro, projeto que foi idealizado por Sérgio Bacelar e que se propõe a aproximar os diversos “Brasis”, assim como a divulgar a riqueza da diversidade cultural de nosso país. Ao longo de 20 edições que circularam por 17 estados diferentes, o evento vem fomentando a circulação da produção de teatro brasileira e estimulando a formação de um público para esta forma de arte.
Iniciativas artísticas e culturais
São diversas as iniciativas voltadas ao universo artístico e cultural no Brasil. Entre elas, destaca-se o “Acervo da Laje”, criado em 2010, na periferia de Salvador-BA, com o fim de promover a memória artística e a pesquisa sobre o subúrbio ferroviário da capital baiana. O “Acervo da Laje” escancara todo o potencial que as periferias brasileiras guardam consigo e que mostra os habitantes de nossas comunidades como o que eles são: indivíduos cheios de potência, de criatividade e de riqueza cultural. O projeto mobiliza não apenas a economia local, mas também as referências de uma população até aqui tão marginalizada. Entre as atividades de maior destaque desta iniciativa, encontram-se o lançamento de livros, a produção audiovisual e as artes plásticas.
Iniciativas no campo da tecnologia e das mídias digitais
O “Projeto Giulia – Mãos que falam” é uma iniciativa levada a cabo em Manaus-AM e idealizada por Manuel Cardoso que tem como objetivo a promoção da inclusão econômica, social e cultural de jovens deficientes auditivos. Em 2017, foi lançado pela equipe de Cardoso, por meio do Google Play, um aplicativo baseado em inteligência artificial que se propõe a facilitar a comunicação entre deficientes auditivos e pessoas que não conhecem a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
No universo das novas plataformas digitais, destaca-se o “Canal TER.A.PIA”, projeto dos criadores de conteúdo digital Lucas Galdino e Alexandre Simone. O Ter.A.Pia é um canal no Youtube através do qual pessoas são convidadas a contar as suas histórias enquanto lavam as suas louças. Trata-se de um ambiente de escuta e de reflexão sobre as mais diversas experiências humanas.
Dentro de proposta semelhante, foi criado o “Projeto Tem que Ter”, ação coletiva construída a partir de uma pluralidade de experiências compartilhadas pela comunidade LGBTQUIA+ e que tem como objetivo contar histórias que sirvam para a desconstrução de estereótipos, assim como auxiliar no combate ao discurso de ódio. Entre as ações levadas a cabo por esta iniciativa, voltadas para a comunicação inclusiva e a representatividade, destaca-se a criação do primeiro banco de imagens LGBTQUIA+ totalmente livre de estereótipos.
O potencial da Economia Criativa na América Latina
Em 2015, a Economia Criativa empregou a 1,9 milhão de trabalhadores na América Latina, segundo dados da Ernst & Young. Este número equivale a todos os postos de trabalho existentes na Costa Rica ou no Uruguai (BID, 2017). Ao mesmo tempo, o comércio de bens e serviços criativos realizado pelo conjunto de países da América Latina e Caribe havia gerado, em 2012, a soma de US$ 124 bilhões.
Em nossa região, multiplicam-se iniciativas de inovação multidisciplinária, aproveitando-se da ampliação do acesso à internet e às ferramentas digitais que pudemos observar recentemente. Assim, a participação latino-americana nas indústrias criativas tem se dado em diversos setores produtivos. No entanto, é nos setores mais tradicionais, como saúde, educação, moradia e finanças, que a nossa criatividade mais tem se colocado à serviço da transformação econômica e social, o que se deve especialmente às deficiências históricas do acesso de nossas populações a estes serviços.
Em 2017 e em 2018, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicou relatórios que tinham como objetivo o de destacar as iniciativas mais inovadoras e de maior impacto social levadas a cabo atualmente na América Latina. Entre elas, estão o caso da Babybe Medical, uma ferramenta co-criada pelo chileno Camilo Anabalón com o fim de beneficiar a bebês que nascem de modo prematuro. Já a Urban 3D é uma iniciativa da brasileira Anielle Guedes, quem usa a robótica e a tecnologia de impressão em 3D para construir casas populares. Também no Brasil foi desenvolvido o Frei.re Lab, software educativo que utiliza de videogames para apoiar as cerca de 11 milhões de crianças que sofrem com o analfabetismo no Brasil - na América Latina este número sobe para 77 milhões de crianças.
Na Guatemala, foi criado o The New Denim Project iniciativa do campo da economia circular que se propõe a reciclar os materiais descartados pelas indústrias de jeans do país para, em seguida, tranaformá-las em produtos de alta qualidade. Já na fronteira da Colômbia com o Panamá, mulheres da comunidade kuna criaram a Mola Sasa, uma marca de roupas que utiliza técnicas de produção ancestrais, a partir de um tecido conhecido como mola. No Peru, por sua vez, chama a atenção o Projeto Pietà, marca de roupa urbana surgida nas prisões do país e que se propõe a dar protagonismo a indivíduos que se encontram no sistema carcerário peruano, ademais de oferecer a eles uma oportunidade de inclusão social e de obtenção de renda.
É evidente, portanto, o potencial que a Economia Criativa guarda na América Latina. Isto porque somos uma região incrivelmente diversa, marcada por uma enorme riqueza cultural e por ser a América Latina o lar de milhões de jovens ansiosos por transformar a sua própria realidade e a de todo o seu entorno.
A Economia Criativa como eixo estruturante de um projeto de transformação econômica e social
A Economia Criativa, em razão de todo o seu potencial de geração de oportunidades, de desenvolvimento e de valor, é, portanto, o cerne do projeto representado pela nossa pré-candidatura ao legislativo estadual. A diversidade cultural que nos caracteriza como povo, somada ao talento, à criatividade e à capacidade de transformação do nosso entorno que a juventude brasileira possui são os nossos maiores patrimônios.
Acreditamos firmemente na capacidade que este setor tem de reposicionar a economia do estado de São Paulo e de convertê-la efetivamente em uma economia do século XXI. Sabemos, no entanto, que para isso é fundamental a definição de marcos práticos que auxiliem o desenvolvimento de políticas públicas capazes de impulsionar todas as oportunidades de desenvolvimento econômico e social que a Economia Criativa engendra.
Entre as políticas públicas necessárias para o impulsionamento da Economia Criativa, destacam-se aquelas relacionadas à investigação, desenvolvimento e inovação criativa e cultural, à formação técnica especializada em atividades criativas, e à educação profissional criativa. Também se faz necessária a adoção de medidas que criem um ambiente adequado para a reprodução do capital intelectual e para que possamos reter, atrair, capturar e reproduzir o talento da nossa juventude, um segmento social constantemente submetido à desvalorização social, à precariedade laboral e à baixos níveis de remuneração.
É imprescindível, ademais, que mais e mais pessoas se somem ao debate sobre a Economia Criativa, de forma a que todos possam aportar conhecimento e ferramentas para que destravemos este potencial. Por isso, seguindo a proposta do BID para o desenvolvimento da chamada “Economía Naranja”, a Economia Criativa, na América Latina, nosso projeto de impulso aos setores criativos da economia paulista inclui os seguintes aspectos:
1. Informação: ainda persiste no Brasil um enorme desconhecimento a respeito do conceito de Economia Criativa e de seu potencial. Neste sentido, propomos a realização de um grande mapeamento com o fim de reconhecer as atividades que possam ser enquadradas como Economia Criativa. Ademais, devemos:
a. Oferecer formação para os agentes e produtores culturais, de forma a prepara-los para a tomada de decisão com base em análises de custo-benefício e de outras ferramentas que ainda encontram certa resistência no setor cultural, mas que resultam indispensáveis para a continuidade e a expansão de seus projetos.
b. Promover oficinas que sirvam como espaço de compartilhamento de experiências e de transferência de melhores práticas, não apenas em escala estadual, mas regional. Ou seja, a troca de experiências deve se dar a partir da América Latina, região que possui um enorme potencial para se tornar a vanguarda da Economia Criativa.
Um exemplo de sucesso deste tipo de iniciativa é a Conta Satélite de Cultura (CSC) da Colômbia, que iniciou as suas atividades em 2002 e que hoje conta com uma série de projetos de cooperação junto às CSCs de países como Argentina, Chile e Uruguai. Da mesma forma, Argentina e México são importantes lideranças regionais na elaboração de atlas de infraestrutura cultural.
2. Instituições: nós vimos, nas últimas décadas, a criação de um Ministério da Cultura e de diversas secretarias em nível estadual e municipal dedicadas à questão da Economia Criativa. No entanto, estes mecanismos precisam ter a sua capacidade de cooperação e de coordenação, assim como a sua presença nos debates estratégicos sobre desenvolvimento econômico e social, fortalecidos.
Assim, é preciso fortalecer a articulação entre os setores público e privado, as universidades, a sociedade civil e os organismos multilaterais, já que cada um destes atores desempenha um papel importante na promoção da Economia Criativa. Nesta parceria, é fundamental que o Estado retome seu papel estratégico, o que deve ser feito através de investimentos em infraestrutura, capacitação, desenvolvimento de ferramentas de financiamento e de um marco regulatório e jurídico que crie estabilidade para os agentes da Economia Criativa.
3. Infraestrutura: o abismo digital é ainda um grande empecilho para o desenvolvimento da Economia Criativa. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet do Brasil, o número de pessoas com acesso à internet em suas casas tem crescido significativamente no país ao longo dos últimos anos. No entanto, as desigualdades de acesso ao mundo digital ainda persistem, já que 36% das casas pertencentes às classes D e E acessam a internet. Deste universo, 90% o faz através de pacotes de dados de celular.
No que diz respeito ao acesso à internet no ensino básico, o censo escolar de 2020 mostra que apenas 65% das escolas públicas de ensino médio e 32% das escolas públicas de ensino fundamental oferecem acesso à internet aos seus estudantes. É urgente, portanto, o aumento e a melhora dos investimentos em infraestrutura de internet nas escolas e nas regiões mais marginalizadas do nosso estado.
4. Capacitação: O abismo digital não se manifesta apenas em razão da deficiência de infraestrutura, mas também pela falta de capacitação. Neste sentido, é fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que promovam não apenas a alfabetização tecnológica, mas também a emancipação digital, sem a qual não podemos desfrutar de todas as possibilidades e de todos os novos conhecimentos oferecidos no universo da internet. Este aspecto está relacionado, ademais, a outra deficiência em nossa formação, que é a do domínio de idiomas, em especial do inglês. A língua inglesa é o idioma das novas mídias e é fundamental não apenas para permitir um acesso mais amplo a toda a informação que se encontra online, mas também por possibilitar a internacionalização dos projetos de Economia Criativa.
5. Inclusão: A Economia Criativa possui um enorme potencial de construir e reconstruir o tecido social, em especial devido à sua capacidade de oferecer oportunidades e de criar identidades alternativas para jovens e adultos que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Isto se deve, em especial, à capacidade que este setor possui de gerar empregos a partir de investimentos relativamente pequenos, o que pode não apenas reativar toda uma economia local como também promover a emancipação econômica de pessoas pertencentes às minorias e fortalecer projetos comunitários de participação.
Assim, ainda que exista um grande trabalho a se fazer para que a América Latina ocupe a posição que lhe cabe nos mercados globais de produtos imateriais e criativos, contamos com as condições ideais para a gestação de uma outra forma de se pensar a economia: promovendo crescimento e desenvolvimento sem descuidar da preservação ambiental, da busca pela igualdade social e da criação de novas dinâmicas que beneficiem, de maneira justa, a todos os indivíduos que integram as nossas cadeias de valor. Com políticas públicas adequadas e uma melhor compreensão do potencial da Economia Criativa, poderemos gerar empregos decentes, fortalecer as nossas comunidades, produzir soluções inovadoras e valorizar o nosso inigualável patrimônio cultural.
Referências
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LUZARDO, Alejandro; JESÚS, Dyanis; PÉREZ, Michelle. Economía naranja: innovaciones que no sabías que eran de América Latina y el Caribe. BID, jun.2017. Disponível em: https://publications.iadb.org/es/publicacion/17263/economia-naranja-innovaciones-que-no-sabias-que-eran-de-america-latina-y-el.
RODRÍGUEZ Oliva, Lázaro L. Economía creativa en América Latina y el Caribe: mediciones y desafíos. BID, ago.2018. Disponível em: https://publications.iadb.org/es/economia-creativa-en-america-latina-y-el-caribe-mediciones-y-desafios.
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